MEDITAÇÃO PARA O DÉCIMO PRIMEIRO DIA
“O DESERTO” – Ex 15,22ss – 16,1-7
A palavra hebraica que traduzimos por “deserto” é “midbar” que significa não somente deserto lugar desabitado, terreno seco, árido, terreno não cultivado, estepe, mas se deve também relacionar com a raiz hebraica “dbr” que significa “falar”. Deste modo, a palavra “midbar” significa também conversação, diálogo. Dois significados que podem parecer contraditórios ou opostos, mas que na experiência religiosa do deserto não o são absolutamente.
O deserto representa um paradoxo para o antigo Israel tanto no plano natural como no plano teológico. No âmbito natural porque o deserto como o seu nomadismo é um componente essencial da historia do povo hebreu, destinado à vida sedentária na terra prometida e muitas vezes errante entre tantos povos.
No âmbito teológico, o deserto aparece como um lugar de contradição visto que na Bíblia é o lugar reservado aos malditos e deserdados, mas ao mesmo tempo foi o lugar onde o povo de Israel teve as mais importantes e decisivas manifestações de amor da parte de Deus. Assim que no Antigo Testamento o deserto é uma região desolada, sem vegetação (Is 27,10; Jr 4,26; Jl 4,19), árida (Ez 19,13; Os 13,5), pouco segura (Jr 2,6; Lm 5,9), habitada por seres monstruosos e animais selvagens (Is 30,6; 35,7). Mas devido à experiência do Sinai, encontramos uma dupla valência no período de tempo no qual o povo de Israel passou no deserto. Oseias (2,6ss) e Jeremias (2,1-3) viram no deserto o lugar do primeiro amor entre o Senhor e Israel; outros o consideraram como um tempo de pecado e do castigo sucessivo. Para ambos os modos de considerar o deserto coincide o fato de ser reconhecido o deserto como uma etapa importante na marcha de Israel em direção à Terra Prometida durante a qual o povo aprendeu muito de si e de Deus.
O deserto representa pois um lugar ou um tempo de prova e ao mesmo tempo de graça e revelação (cf. Dt 8,2; Nm 9,19; Ex 19,1ss).
O deserto é o cenário privilegiado onde Deus age em favor de seu povo. Faz-se presente, toma cuidado com esse, o acompanha e o guia. Segundo Jr 2,1-3, a marcha no deserto foi o tempo das relações mais puras de Israel com o Senhor.
O deserto é o lugar onde Deus estabelecerá a Aliança com o seu povo. E isto supõe uma mudança considerável naquilo que diz respeito à concepção que o povo tinha do Senhor: o Deus do Antigo Testamento era o Deus transcendente, distante, invisível e do qual não se podia pronunciar o nome; e aqui nos encontramos diante de um Deus que, sem deixar de ser transcendente, quer entrar na história do seu povo, é sensível à sua realidade e toma os devidos cuidados para com o seu povo.
O deserto enfim o lugar onde o povo hebreu experimenta o amor de Deus e, portanto o lugar do enamoramento, conseqüência lógica do acolhimento deste amor.
Pe. Valdo
“O DESERTO” – Ex 15,22ss – 16,1-7
A palavra hebraica que traduzimos por “deserto” é “midbar” que significa não somente deserto lugar desabitado, terreno seco, árido, terreno não cultivado, estepe, mas se deve também relacionar com a raiz hebraica “dbr” que significa “falar”. Deste modo, a palavra “midbar” significa também conversação, diálogo. Dois significados que podem parecer contraditórios ou opostos, mas que na experiência religiosa do deserto não o são absolutamente.
O deserto representa um paradoxo para o antigo Israel tanto no plano natural como no plano teológico. No âmbito natural porque o deserto como o seu nomadismo é um componente essencial da historia do povo hebreu, destinado à vida sedentária na terra prometida e muitas vezes errante entre tantos povos.
No âmbito teológico, o deserto aparece como um lugar de contradição visto que na Bíblia é o lugar reservado aos malditos e deserdados, mas ao mesmo tempo foi o lugar onde o povo de Israel teve as mais importantes e decisivas manifestações de amor da parte de Deus. Assim que no Antigo Testamento o deserto é uma região desolada, sem vegetação (Is 27,10; Jr 4,26; Jl 4,19), árida (Ez 19,13; Os 13,5), pouco segura (Jr 2,6; Lm 5,9), habitada por seres monstruosos e animais selvagens (Is 30,6; 35,7). Mas devido à experiência do Sinai, encontramos uma dupla valência no período de tempo no qual o povo de Israel passou no deserto. Oseias (2,6ss) e Jeremias (2,1-3) viram no deserto o lugar do primeiro amor entre o Senhor e Israel; outros o consideraram como um tempo de pecado e do castigo sucessivo. Para ambos os modos de considerar o deserto coincide o fato de ser reconhecido o deserto como uma etapa importante na marcha de Israel em direção à Terra Prometida durante a qual o povo aprendeu muito de si e de Deus.
O deserto representa pois um lugar ou um tempo de prova e ao mesmo tempo de graça e revelação (cf. Dt 8,2; Nm 9,19; Ex 19,1ss).
O deserto é o cenário privilegiado onde Deus age em favor de seu povo. Faz-se presente, toma cuidado com esse, o acompanha e o guia. Segundo Jr 2,1-3, a marcha no deserto foi o tempo das relações mais puras de Israel com o Senhor.
O deserto é o lugar onde Deus estabelecerá a Aliança com o seu povo. E isto supõe uma mudança considerável naquilo que diz respeito à concepção que o povo tinha do Senhor: o Deus do Antigo Testamento era o Deus transcendente, distante, invisível e do qual não se podia pronunciar o nome; e aqui nos encontramos diante de um Deus que, sem deixar de ser transcendente, quer entrar na história do seu povo, é sensível à sua realidade e toma os devidos cuidados para com o seu povo.
O deserto enfim o lugar onde o povo hebreu experimenta o amor de Deus e, portanto o lugar do enamoramento, conseqüência lógica do acolhimento deste amor.
Pe. Valdo
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