Terceiro domingo da Quaresma
As montanhas fascinam até mesmo aqueles que não gostam de alturas. Nas tradições religiosas, as montanhas se tornam lugares sagrados – de Horeb a Ularulu.
Ao subir a cordilheira do Himalaia você pode ter um momento “blakeano” [de William Blake, o poeta] e ver brevemente os picos das montanhas como ondas, sólidas apenas em aparência, mas em realidade como todo o resto do universo, como energia que flui. Os cumes das montanhas são o ponto de encontro entre terra e céu, onde o que é visível e tangível toca e desaparece no etéreo e no transparente. Talvez Moisés no Horeb tenha tido uma experiência similar quando se aproximou da sarça ardente e o grande EU SOU se dirigiu a ele. Mas o sagrado se torna facilmente territorial, como a profana “Terra Santa” demonstrou. Na nova isenção da mente de Cristo nós não mais identificamos adoração com lugares sagrados (“esta montanha ou Jerusalém”, como disse Jesus à mulher no poço). A adoração agora é “no espírito e na verdade”. De súbito, nossa base para derramar sangue ou agir de modo injusto em nome da religião foi arrancada de nós. Caímos no mistério do Deus vivo e não na nossa imagem de Deus.
Nossas práticas espirituais da Quaresma deveriam aperfeiçoar esse modo de ver. Se nos tornarmos apegadas a elas por elas próprias, ou se desistirmos delas porque nos entendíamos, ou se não conseguirmos recomeçá-las no momento certo, elas naturalmente não poderão mais ter mais esse potencial.
Tradução: Mónica Baña Álvarez
Textos: Laurence Freeman OSB
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