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Informativo dos Filhos de Sant'Ana

11/06/2011

Outras tentativas de interpretação da Cruz


“Certamente é mais fácil colocar-se sob uma cruz alheia e já carregada do que carregar a própria cruz, sob os insultos e o desprezo de seu mundo. Pois, ao fazer isso, fica-se belamente dentro da tradição e se ganha o elogio de ser piedoso.” (C.G.Jung. Briefe II, 1946-1955, p.290)

O quarto capítulo do livro proposto a nós irmãos Junioristas para estudo tem como tema “Outras tentativas de interpretação da Cruz”. O autor propõe uma interpretação da cruz a partir de dois teólogos protestantes, Paul Tillich e Jurgen Moltmann e do psicólogo Carl Gustav Jung.

Paul Tillich - Usa o mesmo método da correlação, defendido por Karl Rahner. Este “método explica os conteúdos da fé cristã por meio de perguntas existenciais e respostas teológicas em dependência mútua”. Pela própria ontologia humana existente no ser, percebe-se que existe de certa forma, sempre uma crise existencial humanista no que diz respeito à natureza e essência do homem em meio aos sofrimentos e realidades advindas, quando a razão já não entende, cabe a fé explicá-la. Por isso o termo dependência mutua entre questões existências e teologia. Uma vez que o homem não consegue mais explicar-se a si mesmo vivendo numa grande alienação, Tillich afirma que só a mensagem da redenção pode novamente dar sentido ao que o homem realmente é.

Moltmann - Interpreta a mensagem da cruz, para ele “A divindade de Deus revela-se no paradoxo da cruz”. Na sua teologia não existe mais a necessidade de perguntas existenciais no ser humano, pois a cruz não é a confirmação das mesmas, mas os critica, ela torna-se agora o ponto de partida para qualquer doutrina da redenção. Na teologia da cruz de Moltmann se desvela três significados; o primeiro é A cruz como auge do conflito de Jesus com a Lei, revelando a lei da graça e da liberdade de uma nova justiça em Deus. O segundo é a cruz vista como uma relevância política, pois um revoltoso contra o poder e a violência no estado morre nela; e o terceiro é o significado do grito de Jesus, sentido-se abandonado e portanto é o momento entre Jesus e Deus, o Filho e o Pai, e é justamente ai, que se revela o paradoxo da cruz, é o ponto de partida para a fé. Ela torna-se a esperança dá vitória em meio a todos os sofrimentos. A partir de uma teologia natural (teodiceia), torna-se possível a superação de todos os males, tendo como fonte de certeza a experiência de Jesus. A cruz é a principal arma da libertação que Deus nos dá diante de nossas fraquezas.

Jung – Ver na cruz um caminho de individuação, da autorrealização humana e esse processo se dar através da passagem do Ego, que é o âmago consciente de sua pessoa, para o Self, o centro mais íntimo da pessoa. São vários os significados da cruz para Jung, entre eles:

· Sacrifício – O abandono do Ego em favor do Self , e isso acontece quando o homem abandona-se em Deus;

· Sofrimento – É o portão pelo qual o ser humano precisa passar quando quer se tornar consciente de si mesmo: “Quem quer que se encontre no caminho para integridade não pode escapar daquela estranha suspensão representada pela crucificação.”

É através da imagem da Cruz, que encontramos nossa integridade, nossa completude. Ela é a reconciliação de todos os opostos, ordem no caos de nosso tempo, união do consciente com o inconsciente, do humano com o divino. A Cruz trás para o tempo a relação mais pura dos contrários impossíveis.

Questão: Pq é tão díficl para o ser humano assumir a sua cruz e ao invés ficamos a desejar a cruz alheia?


Ir. Jarbson e Ir. Fábio

7 comentários:

Muito boa síntese. Parabéns!
às vezes temos um olhar muito poético da cruz. Cantamos em verso e prosa, nos deleitamos com os escritos dos santos sobre a Cruz. achamos lindo ver a paixão de Cristo.
Mas quando a cruz toca a nossa existência, não parece ser tão poético assim. Daí sentimos dificuldade em assumir o peso da nossa Cruz. Por isso nos diz sabiamente Madre Rosa: "É muito belo adorar a cruz, mas chegou a hora de subir nela e ser crucificado".

Pe. Magno Jales
 
Legal Pe. Magno! Acho que a coisa funciona assim, mesmo. Na verdade, o ser humano nunca está satisfeito, sempre quer mais. Acredito que se Deus concedesse ao homem trocar de cruz, com certeza, quando ele abraçasse a outra, já gostaria de trocar, pq o bonito sempre é o do outro!

Ir. Jarbson
 
Parabéns Irmãos pela reflexão!
Como dizia Fernando Pessoa "a grama do vizinho sempre é mais verde". A cruz do proximo parece tbm mais bela, eu acho que é por isso que poetizamos esse assunto, pois quando olhamos e sentimos a nossa Cruz, nunca fazemos poesia dela, salvo os santos de hoje em dia que conseguem este posto.
Que sá cheguemos lá um dia!
 
Agente acha bonitoa poesia dos santos, mas para estes chegarem a poesia da cruz tiveram que sofrer muito até compreender a beleza do sofrimento. Madre Rosa diz: è tão doce sofrer pelo Amado; São Paulo da Cruz diz ainda: Quem me dera descrever o tesouro tão sublime que o grande Deus, uno e trino, colocou no padecer; São João de Cruz: ò noite mais amável do que a alvorada.
Todos estes e muitos outros tiveram que sofrer muito para chegar a esta conclusão: de que a cruz é doce, é bela. a poesia da cruz para estes santos nasceram de grandes sofrimentos, pq souberam sofrer unidos a Jesus. Este é o segrdo de se descobrir a bele da cruz: SOFRER JUNTO COM CRISTO. PARA RESSUSCITAR COM ELE (sÃO Paulo)

Pe. Magno
 
Carregar a cruz...
Carregá-la é ter a dignidade de sofrer sem se lamentar. E para se chegar a realizar isto leva um bocadinho de esforço.
Em meu perfil no twitter, me descrevi como uma pessoa ainda não terminada, ainda em processo de amadurecimento, pois bem, quero dizer que ainda não aprendi a carregar a cruz com essa dignidade de um vencedor. Porém, repito, ainda. Estou aprendendo uma lição, pessoal é claro, rsrsrsr. Deus me deu o que pedi, mas o acréscimo veio também. Mas quero carregar. E melhor, sem reclamar.
 
Parabéns aos Irmãos: Jarbson e Fábio pela síntise muito bem preparada.
De fato temos que assumir comm responsabilidade tudo aquilo que é nosso(meu), ou seja,inclusive a cruz; para podermos dela tirarmos a lição do amor.
concluo descrevendo que: "A cruz é um poema, um poema de amor, por ela nos foi dado a vitória do Senhor. E nós aqui na terra a cruz a carregar sem muito se lamentar com ternura e com amor, olhando o exemplo de Jesus que a carregou e durante a via sacra não se lamentou."

Ir. Tallison
 
Nós homens vivemos alienados, nas águas salgadas do sofrimento e da morte; num mar de obscuridade sem luz. O Sinal da Cruz de Cristo tira-nos para fora das águas da morte e conduz-nos ao esplendor da luz de Deus, na verdadeira vida.
Ir. Fábio