“Uma Páscoa feliz com Cristo Ressuscitado”.
Estes os votos de boas festas pascais do Papa, a todas as pessoas de língua portuguesa, falando da varanda central da basílica de São Pedro, neste domingo de Páscoa 2011, após a mensagem “Urbi et Orbi”, à Cidade de Roma e a todo o mundo. Uma mensagem em que Bento XVI partiu de uma antífona da Liturgia das Horas: “Na vossa Ressurreição, ó Cristo, alegrem-se os céus e a terra”. “A manhã de Páscoa – observou - trouxe-nos este anúncio antigo e sempre novo: Cristo ressuscitou! Continua a ressoar na Igreja o eco deste acontecimento, que partiu de Jerusalém há vinte séculos”.
“Até hoje – mesmo na nossa era de comunicações supertecnológicas – a fé dos cristãos assenta naquele anúncio, no testemunho daquelas irmãs e daqueles irmãos que viram, primeiro, a pedra removida e o túmulo vazio e, depois, os misteriosos mensageiros que atestavam que Jesus, o Crucificado, ressuscitara; em seguida, o Mestre e Senhor em pessoa, vivo e palpável, apareceu a Maria de Magdala, aos dois discípulos de Emaús e, finalmente, aos onze, reunidos no Cenáculo”. Não se trata de uma especulação, nem sequer de uma experiência mística – observou o Papa. A ressurreição de Cristo é um acontecimento concreto, que deixa uma marca indelével.
“A ressurreição de Cristo não é fruto de uma especulação, de uma experiência mística: é um acontecimento, que ultrapassa certamente a história, mas verifica-se num momento concreto da história e deixa nela uma marca indelével. A luz, que encandeou os guardas de sentinela ao sepulcro de Jesus, atravessou o tempo e o espaço. É uma luz diferente, divina, que fendeu as trevas da morte e trouxe ao mundo o esplendor de Deus, o esplendor da Verdade e do Bem.”
“Tal como os raios do sol, na primavera, fazem brotar e desabrochar os rebentos nos ramos das árvores, assim também a irradiação que dimana da Ressurreição de Cristo dá força e significado a cada esperança humana, a cada expectativa, desejo, projecto…”. O próprio cosmos está chamado a aclamar o Ressuscitado, a entoar o aleluia pascal…
“…hoje, o universo inteiro se alegra, implicado na primavera da humanidade, que se faz intérprete do tácito hino de louvor da criação. O aleluia pascal, que ressoa na Igreja peregrina no mundo, exprime a exultação silenciosa do universo e sobretudo o anseio de cada alma humana aberta sinceramente a Deus, mais ainda, agradecida pela sua infinita bondade, beleza e verdade.”
Este hino cósmico que é também o hino pascal da Igreja inteira, é o hino de louvor dos anjos e santos, nos céus…
“No Céu, tudo é paz e alegria. Mas, infelizmente, não é assim sobre a terra! Aqui, neste nosso mundo, o aleluia pascal contrasta ainda com os lamentos e gritos que provêm de tantas situações dolorosas: miséria, fome, doenças, guerras, violências. E todavia foi por isto mesmo que Cristo morreu e ressuscitou!”
Cristo – sublinhou Bento XVI – “morreu também por causa dos nossos pecados de hoje. Foi também para a redenção da nossa história de hoje que Ele ressuscitou”. Por isso, esta mensagem pascal “quer chegar a todos e, como anúncio profético, sobretudo aos povos e às comunidades que estão a sofrer uma hora de paixão, para que Cristo Ressuscitado lhes abra o caminho da liberdade, da justiça e da paz”. E aqui o Papa referiu expressamente a Líbia, os países da África do Norte e médio Oriente, os tantos prófugos e refugiados, a Costa do Marfim, o Japão… começando precisamente pelo Médio Oriente, a terra de Jesus…
“Possa alegrar-se aquela Terra que, primeiro, foi inundada pela luz do Ressuscitado. O fulgor de Cristo chegue também aos povos do Médio Oriente para que a luz da paz e da dignidade humana vença as trevas da divisão, do ódio e das violências.
“Na Líbia, que as armas cedam o lugar à diplomacia e ao diálogo e se favoreça, na situação atual de conflito, o acesso das ajudas humanitárias a quantos sofrem as conseqüências da luta.
“Nos países da África do Norte e do Médio Oriente, que todos os cidadãos – e de modo particular os jovens – se esforcem por promover o bem comum e construir um sociedade, onde a pobreza seja vencida e cada decisão política seja inspirada pelo respeito da pessoa humana.
“A tantos prófugos e aos refugiados, que provem de diversos países africanos e se vêem forçados a deixar os afetos dos seus entes mais queridos, chegue a solidariedade de todos; os homens de boa vontade sintam-se inspirados a abrir o coração ao acolhimento, para se torne possível, de maneira solidária e concorde, acudir às necessidades existentes de tantos irmãos; a quantos se prodigalizam com generosos esforços e dão exemplares testemunhos nesta linha chegue o nosso conforto e apreço.
“Possa recompor-se a convivência civil entre as populações da Costa do Marfim, onde é urgente empreender um caminho de reconciliação e perdão, para curar as feridas profundas causadas pelas recentes violências.
“Possa encontrar consolação e esperança a terra do Japão, enquanto enfrenta as dramáticas conseqüências do recente terremoto, e demais países que, nos meses passados, foram provados por calamidades naturais que semearam sofrimento e angústia.
“Alegrem-se os céus e a terra pelo testemunho de quantos sofrem contrariedades ou mesmo perseguições pela sua fé no Senhor Jesus” – acrescentou ainda o Papa, quase a concluir a sua mensagem pascal. Que “o anúncio da sua ressurreição vitoriosa neles infunda coragem e confiança”.
“Cristo ressuscitado caminha à nossa frente para os novos céus e a nova terra, onde finalmente viveremos todos como uma única família, filhos do mesmo Pai. Ele está conosco até ao fim dos tempos. Sigamos as suas pegadas, neste mundo ferido, cantando o aleluia.”
“No nosso coração, há alegria e sofrimento; na nossa face, sorrisos e lágrimas. A nossa realidade terrena é assim. Mas Cristo ressuscitou, está vivo e caminha conosco. Por isso, cantamos e caminhamos, fiéis ao nosso compromisso neste mundo, com o olhar voltado para o Céu. Boa Páscoa a todos!”